quinta-feira, dezembro 08, 2011
Robert G. Hall, co-pastor da Bronx Household of Faith (foto)
Uma
pequena igreja evangélica do Bronx perdeu na quinta-feira o round final
de sua batalha legal de 16 anos para tentar obrigar o Conselho de
Educação da cidade de Nova York a permitir a realização de cultos
religiosos em escolas públicas. Com isso, foi preparado o terreno para a
prefeitura expulsar dezenas de igrejas e organizações religiosas que
vêm usando as escolas para promover orações.
A Suprema Corte dos
Estados Unidos anunciou que não vai rever a decisão de uma corte
inferior que confirmou a decisão da prefeitura de proibir a congregação
evangélica em questão, a Bronx Household of Faith, de promover seus
cultos dominicais na escola no Bronx, como vem fazendo desde 2002.
Com
isso, a prefeitura disse que até 12 de fevereiro de 2012 tomará medidas
para pôr fim às centenas de cultos que vêm sendo realizados em escolas
nos últimos anos. Apenas no ano escolar de 2010-2011, cerca de 160
congregações usaram prédios escolares para cultos religiosos.
"Vemos
isso como uma vitória para os escolares da cidade e suas famílias"
disse em comunicado à imprensa, na segunda-feira, a advogada sênior do
Departamento Jurídico da prefeitura de Nova York, Jane Gordon. Ela
acrescentou que o Departamento de Educação está preocupado, com razão,
com a possibilidade de qualquer escola nesta cidade tão diversa ser
identificada com uma crença ou prática religiosa em particular.
O
caso da Bronx Household of Faith foi acompanhado em nível nacional
porque opôs as posições das igrejas, baseadas na Primeira Emenda
constitucional, ao conceito da separação entre igreja e Estado.
Em
muitos distritos escolares em todo o país, organizações religiosas são
autorizadas a usar os recintos de escolas públicas para cultos
religiosos. Mas, em nova York, uma norma da cidade, permitida pelas leis
estaduais, proíbe a prática, fato que levou à contestação legal.
Robert
G. Hall, co-pastor da Bronx Household of Faith, solicitou o uso de uma
escola pública para a realização de cultos religiosos pela primeira vez
em 1994, depois de a congregação ter crescido demais para poder
continuar a promover reuniões em casas de particulares.
Quando o
pedido foi negado, a igreja processou o Conselho de Educação. Perdeu a
causa também em recursos posteriores, chegando até a Corte de Apelações
dos EUA.
Então, em 2001, um caso julgado na Suprema Corte pareceu proporcionar uma brecha para a Bronx Household of Faith.
A
corte decidiu que um distrito escolar público de Medford, Nova York,
não poderia impedir um grupo de jovens cristãos, o Good News Club, de
usar um espaço em uma escola pública, fora do horário de aulas, do mesmo
modo que qualquer outro grupo comunitário podia, apesar de suas
atividades incluírem orações, aulas da Bíblia e memorização de trechos
da Bíblia.
Assim, a Bronx Household of Faith voltou ao tribunal e
conquistou um mandado de segurança contra a prefeitura que, pela
primeira vez, a obrigou a autorizar o uso de escolas em cultos
religiosos até que a ação judicial fosse decidida.
Em 2008-2009
já havia 60 igrejas usando escolas para fazer cultos religiosos, e o
número continuou a crescer rapidamente ao longo deste ano.
Em
junho, porém, quando a Segunda Corte de Apelações anunciou sua decisão,
esta foi favorável à prefeitura. Dois dos três juízes consideraram que
um culto religioso, como os promovidos pela Bronx Household of Faith,
era significativamente diferente de uma aula de Bíblia ou uma atividade
que incluísse orações.
"Um culto religioso é um ato de religião
organizada que consagra o local em que é promovido, convertendo-o em
igreja", escreveram os juízes. As igrejas "tendem a dominar as escolas
no dia em que as usam", provocando uma situação confusa para as
crianças, que podem vir a pensar que a escola é uma igreja, segundo
eles.
Além disso, as escolas não são igualmente abertas a todos
os membros do público, escreveram os juízes. A Bronx Household, por
exemplo, admitiu que excluía pessoas de participarem plenamente nos
cultos se elas não fossem batizadas, se tivessem sido excomungadas ou se
"professam a religião islâmica".
Defensores da Bronx Household
of Faith argumentam que o Departamento de Educação agora se encontra na
posição inapropriada de determinar a diferença entre um culto religioso e
uma atividade que inclui orações --algo que pode ser diferente para
cada religião e cada congregação.
"É um precedente muito perigoso", disse o pastor Robert Hall em e-mail, dizendo ainda que está "muito decepcionado".
Matt
Brown, pastor sênior da Igreja Presbiteriana Park Slope, cujos cultos
dominicais agora terão que deixar de ser realizados na cafeteria do
campus do colégio John Jay, em Park Slope, concordou. "Eu adoraria saber
quem no Conselho de Educação é teologicamente capacitado a tomar essas
decisões", ele disse.
Já começou a ser feito um esforço
legislativo para reescrever a lei educacional estadual que permite que a
prefeitura proíba os cultos nas escolas.
Na quinta-feira o
vereador Fernando Cabrera deve anunciar uma resolução em apoio a um
projeto de lei a ser apresentado na Assembleia estadual para mudar a
lei.
Fonte: Folha com informações do New York Times
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