Fernanda
Gomes de Castro, que foi condenada nesta sexta-feira (23) a cinco anos
de prisão pelo sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e do filho
dela, viajou neste sábado (24) para o Rio de Janeiro. Segundo a advogada
Carla Silene, que a defendeu no júri, ela deve ficar pelo menos uma
semana em um retiro espiritual.
“Ela é
católica e vai ficar cerca uma semana ou mais, não sei exatamente o
período, em um templo em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. A Fernanda vai
para esse lugar a partir de segunda-feira (26). Até domingo (25),
recomendei que ela procurasse descansar um pouco e ficar com a família”,
disse a advogada.
Carla
informou que a cliente está tranquila e que já esperava pela condenação
no Tribunal do Júri de Contagem. “Dentro do contexto que se apresentou,
ela já esperava esse resultado”. O único detalhe que a defensora de
Fernanda ainda não soube esclarecer é a forma como será cumprida a pena.
"Ficou essa dúvida no ar, a juíza Marixa Fabiane não nos esclareceu
esse ponto. Ela não permitiu minha permanência na sala secreta para
saber como foi feita a dosimetria da pena. O que posso garantir é que
ainda não há cumprimento da sentença. Ela não volta para a cadeia.”
A advogada
disse que vai entrar com recurso contra a decisão da juíza. “Já tenho um
recurso da sentença de pronúncia, que está no Tribunal de Justiça de
Minas Gerais e será levado para o Superior Tribunal de Justiça e para o
Supremo Tribunal Federal. Nesta segunda-feira, entrarei com recurso da
decisão desta sexta-feira pelo júri do caso.
Segundo
Carla, Fernanda está emocionalmente abalada por causa da condenação, mas
está de cabeça erguida por não ter sido pronunciada pelo homicídio de
Eliza.
Sentença
O júri
popular do caso Eliza Samudio condenou, na noite desta sexta-feira (23),
no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, os réus Luiz Henrique Ferreira
Romão, o Macarrão, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro
Bruno, pelo envolvimento na morte da ex-amante do jogador, em crime
ocorrido em 2010. Conforme sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes
Rodrigues, Macarrão foi considerado culpado pelos crimes de homicídio e
sequestro e cárcere privado. Fernanda foi condenada por sequestro e
cárcere privado.
Os jurados
saíram do plenário em direção à sala secreta às 21h e voltaram depois de
mais de duas horas. Durante esse período, eles responderam a quesitos
preparados pela juíza Marixa, com a concordância de advogados e do
promotor. Com respostas "sim" e "não", os jurados decidiram se os réus
cometeram o crime, se podem ser considerados culpados e se há agravantes
ou atenuantes, como ser réu primário. Em seguida, a juíza redigiu a
sentença.
O júri
popular, que teve início com cinco réus, acabou com apenas dois
acusados: Macarrão e Fernanda. O jogador Bruno Fernandes de Souza, que
era titular do Flamengo, é acusado de ter arquitetado a morte da
ex-amante, em 2010, para não ter de reconhecer o filho que teve com
Eliza nem pagar pensão alimentícia. Bruno, a sua ex-mulher Dayanne
Rodrigues e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tiveram o
júri desmembrado pela juíza Marixa e serão julgados em 2013.
O crime
Conforme a
denúncia, Eliza foi levada à força do Rio de Janeiro para um sítio do
goleiro, em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado.
Depois, a vítima foi entregue para o ex-policial Marcos Aparecido dos
Santos, o Bola, que a asfixiou e desapareceu com o corpo, nunca
encontrado. O bebê Bruninho foi achado com desconhecidos em Ribeirão das
Neves (MG).
Além dos
três réus que tiveram o júri desmembrado, dois acusados serão julgados
separadamente – Elenílson Vitor da Silva e Wemerson Marques de Souza.
Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto. Outro
suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, teve o
processo arquivado.
Investigações
A polícia
encerrou o inquérito com base em laudos que atestam presença de sangue
de Eliza em um carro de Bruno, nos depoimentos de dois primos que
incriminam o goleiro, em sinais de antena de celular e multas de
trânsito que mostram a viagem do grupo do Rio de Janeiro até Minas
Gerais e em conversas de Eliza com amigos pela internet, nas quais
relata o medo que sentia.
Eliza também
havia prestado queixa contra o atleta quando ainda estava grávida,
dizendo que ele a forçou, armado, a tomar abortivos. Ela ainda deixou um
vídeo dizendo que poderia aparecer morta se não tivesse proteção.
Júri de Bruno é adiado e Macarrão liga goleiro ao crime
A terceira
sessão, que durou da manhã de quarta até a madrugada de quinta-feira
(22), foi marcada pelo interrogatório do réu Luiz Henrique Ferreira
Romão, o Macarrão, que disse ter levado de carro a ex-amante do jogador
até local indicado pelo goleiro, em Belo Horizonte, onde a jovem entrou
em um Palio. "Ele ia levar ela para morrer", afirmou sobre a ordem. Ele
disse que não sabia o que iria acontecer com Eliza, mas que "pressentia"
que a jovem seria morta.
Pela manhã
de quarta, Bruno deixou o júri após ter o julgamento desmembrado e
adiado para 4 de março de 2013 por decisão da juíza Marixa Fabiane Lopes
Rodrigues, atendendo pedido da defesa. Lúcio Adolfo, novo advogado de
Bruno após a saída de Francisco Simim, alegou não conhecer o processo.
Fonte: G1









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